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Sérgio Paulo Muniz Costa
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Os atos que mostram o nosso maravilhamento e a nossa admiração e os grandes gestos trágicos colocados diante de nós pela arte e literatura nos lembram de que há um outro mundo por trás de nossas negociações cotidianas. Trata-se de um mundo de absolutos, no qual os princípios dominantes são a criação e a destruição, em vez dos compromissos, das obrigações e da lei. Mas algumas experiências provocam uma erupção neste mundo por meio do véu da promessa e o fazem conhecido por si mesmo. É certo que o poder da tragédia não consiste, como argumentou Aristóteles, em despertar e purgar a devoção e o medo, mas em mostrar que nós, humanos, podemos enfrentar a aniquilação, e, ainda assim, manter a nossa dignidade como seres livres e autoconscientes: podemos encarar o sofrimento e a morte como indivíduos e não como meros pedaços de carne. Em outras palavras: a morte pode ser suspensa da ordem da natureza e remodelada como uma característica suportável do Lebesnwelt. (SCRUTON, Roger. A Alma do Mundo. Record: Rio de Janeiro, 2021, p. 199.)